Por que não podemos pagar pela sustentabilidade
Olá, Tudo bem?
Vamos a nossa segunda edição de 2023?
O assunto de hoje é design sustentável e o exemplo da lixeira Mill, uma inovação que está sendo vendida como solução inovadora verde.
A lixeira de cozinha Mill engole restos de comida, seca-os e tritura-os durante a noite. Ele também neutraliza odores com um filtro de carvão. Quando a lixeira está cheia, a Usina envia automaticamente uma caixa para devolver os resíduos à empresa, onde são limpos, peneirados, pasteurizados e ensacados para serem vendidos como ração de frango aos agricultores.
O objetivo é eliminar o impacto climático do desperdício de alimentos. Mas pagar 33 dólares por mês para isso? Será que seria mesmo uma solução?
Viver a vida diária de forma a sustentar e regenerar a terra, em vez de extraí-la e destruí-la, é essencial para nossa sobrevivência como espécie. Mas se tudo o que fizermos for (re)projetar sistemas de compostagem e cobrar das pessoas quantias absurdas de dinheiro todo mês, enquanto criamos veículos elétricos com custo de US$ 50.000 a US$ 100.000 cada, estamos condenados.
A "indústria da sustentabilidade" precisa praticar um design inclusivo que seja interseccional e apoie todos os seres humanos, independentemente de quantos recursos possam alocar para uma vida sustentável. Se não o fizermos, falhamos.
Sustentabilidade não pode ser vendida, deve ser gratuita fazer parte de leis e programas de governo. A lixeira Mill é um simples exemplo, mas poderíamos citar diversos casos aqui como os materiais de construção, que quando são reciclados ou tem características sustentáveis são sempre mais caros.
Se usamos esse exemplo como solução inovadora caímos no racismo ambiental, que são as injustiças sofridas por populações indígenas, negras e minorias sociais, consequências do nosso sistema de produção e exploração da natureza - se eles não podem pagar “salvar o planeta” são submetidas aos maiores impactos das mudanças climáticas como morar em locais com deslizamentos de terra e sem saneamento.
Não é que a lixeira precisa ser cancelada, ela no fim das contas é uma boa ideia, mas esta não pode ser a única saída e ser vendida como a salvação de um estilo de vida sustentável.
Links para ficar de olho
_______________________________
A luz artificial das cidades e dos interiores domésticos está danificando a saúde dos seres humanos, segundo o ecologista Johan Eklöf. É hora de abraçar espaços mais escuros?
Lá no blog do Tabulla falamos como tecnologias ancestrais, e não inovações futurísticas e modernas, podem ser a solução para mudanças climáticas.
A Hok listou 9 tendências para os espaços de trabalho em 2023, em destaque investimento em ESG e bem-estar.
Nesse TED Talk sobre habitação sustentável, o arquiteto indiano Chakrabarti propõe uma solução curiosa de moradia chamada"Goldilocks".
Perfil para seguir
___________________________
O perfil @decolonisearchitecture mostra soluções de arquitetura e design que combatem o racismo estrutural e soluções colonialistas de projeto. Na imagem, projeto de Saif Ul Haque.
Insight Valioso
___________________________
“A lógica vai te levar de A a B. A imaginação vai te levar para todo lugar”
- Albert Einstein
Abraços,
Marília do Tabulla